SPRINT: O método para validar e lançar grandes idéias em apenas 5 dias
Acabei de ler o livro “SPRINT o método usado no Google para aplicar novas idéias em apenas 5 dias” e gostaria de sintetizar melhor os conceitos aprendidos. O intuito desse post é funcionar como uma espécie de resenha e seria muito massa de ele fosse útil para mais alguém 😊.
O livro descreve o método que a equipe do Google Ventures usa para validar e testar idéias inovadoras junto das startups que investem. Ele é concebido como um “manual”, usando uma linguagem bem simples e didática.
Distribuído em 8 seções que vão desde a apresentação do método e a preparação do terreno, até a condução detalhada de cada dia e uma lista de checklists para que nenhum detalhe fique de fora.
Preparando o terreno
O primeira sessão já deixa explícito o principal motivo de se ter e conduzir um sprint: um grande desafio. Depois dá dicas e explica a importância dos papéis de Definidor e Facilitador, finalizando em dicas de como montar times interessantes. (Um paralelo a Product Owner e Scrum Master de uma maneira didática).
Segunda-feira
Nessa parte, os autores nos mostram como organizar as discussões estruturadas, definir um objetivo para o sprint e levantar os questionamentos principais. Descreve como mapear público alvo, organizar as questões levantadas e o destacar o objetivo principal em um diagrama afim de conduzir soluções com foco no principal. Salienta a importância de se ouvir os especialistas e ajudar a escolher o alvo certo.
Também somos Apresentados a dinâmica do “Como Poderíamos…”, uma técnica para transformar possíveis problemas e empecilhos em soluções e ideias. Conduzindo a linha de pensamento de uma maneira positiva.
Os pontos chave aqui são: comece pelo fim, ninguém sabe tudo e reformule problemas como oportunidades. Para o facilitador as dicas são: Peça permissão, sempre registre tudo, Faça perguntas óbvias, Cuide bem dos humanos, Decida e siga em frente.
Terça-feira
O segundo dia do sprint é o dia de refinar as informações, ideias e soluções. Começa o dia com uma série de demonstrações-relâmpago das idéias e de referências para as soluções. Em seguida as ideias são colocadas no diagrama junto as perguntas que se quer responder.
A tarde é dedicada a fazer esboços. Nos é explicado como conduzir essa etapa de uma maneira ao mesmo tempo eficiente e focada. Evitando brainstormings longos e improdutivos aplicando o conceito de trabalho individual em conjunto. Dividindo a tarefa em 4 etapas: anotações, ideias, Crazy 8’s e esboço da solução.
Em algum momento do dia, alguém será incumbido da tarefa de captar clientes. O livro cita o craigslist e vale-presentes, mas são só exemplos.
Pontos chave: ajuste e aperfeiçoe, qualquer um consegue fazer esboços, o concreto é melhor que o abstrato (palavras são importantes) e trabalho individual em conjunto (ou brainstorming não funciona).
Quarta-feira
A decisões mais importantes ficam para o terceiro dia do sprint. Neste dia os esforços dos outros dois dias devem ser unificados. Pela manhã é feita uma analise critica dos esboços com a participação de todos usando uma técnica batizada de “decisão que cola”. Um método de decisão em grupo que consiste em 5 etapas: Museu de arte, Mapa de calor, Críticas-relâmpago, Pesquisa de intenção de voto e Supervoto.
A tarde fica reservada para a criação de um storyboard com as decisões tomadas pela manhã. Começando pela cena de abertura e a elaboração do plano inteiro, se possível já com os esboços. Durante esse processo, e sempre que precisar, pode-se iniciar um “anote-e-vote”. Esse método consiste em juntar o grupo, anotar e editar as ideias, dois minutos em silêncio para que cada individuo escolha uma opção. Passados os 2 minutos, todos anunciam sua escolha e o Definidor escolhe. Seguindo ou não os votos.
Pontos chave: Decida em silêncio, Trabalhe com o que tem, Não escrevam juntos, Incluam apenas os detalhes necessários, o Definidor define, Na dúvida: Arrisque! E claro , limite a história mais ou menos 15 minutos.
Quinta-feira
A quinta é reservada para elaboração do protótipo e o dia começa com a escolha das ferramentas certas. Flexibilidade ao invés de precisão. A grande dica é dividir e definir os papéis que cada membro precisa desempenhar afim de se ter um protótipo testável ao final do dia. São eles: Executor, Costureiro, Escritor, Coletor de recursos e Entrevistador.
Após “costurar” todo o protótipo do storyboard, ele deve ser testado junto do Entrevistador e do Definidor. Ao longo do dia o Entrevistador deve estar mais focado em escrever e treinar o roteiro das entrevistas do dia seguinte. Contudo deve acompanhar o protótipo sempre que possível. Confirme o encontro de sexta com os clientes. Pelo menos 5 deles. Um e-mail serve mas uma ligação é muito melhor.
Aqui o livro também elenca passos para se manter na “mentalidade de protótipo”: Pode-se fazer um protótipo de qualquer coisa! Protótipos são descartáveis, deve-se construir o bastante para aprender e só. E o mais importante: O protótipo deve parecer real.
Pontos-chave: “Finja”, Mentalidade de Protótipo, Protótipos são descartáveis, “Qualidade Cachinhos Dourados”, ou seja, qualidade nem muito alta, nem muito baixa, mas suficiente.
Sexta-feira
Sexta é o grande dia do sprint, dia de aprender. O trabalho da semana será avaliado pelos clientes e a sua reação ao protótipo deve ser acompanhada. É preciso uma certa preparação prévia para que tudo ocorra bem, reservar duas salas, posicionar e testar o hardware e deixar o stream de vídeo pronto, com qualidade suficiente e transmitindo o áudio unilateralmente.
O livro sugere uma receita de como conduzir as entrevistas, subdividindo-as como Entrevistas em cinco atos: Cumprimento amigável, Perguntas de contextualização, Apresentação do protótipo, Tarefas e empurrõeszinhos e Debriefing.
Durante as entrevistas, o Entrevistador ficará com o trabalho de recepcionar e ser um bom anfitrião para o cliente enquanto o resto do time ficará conectada em uma outra sala tomando notas. Todos assistem as entrevistas juntos para fazer um melhor uso do tempo. Ao final de cada entrevista é feito uma rápida discussão e um intervalo até a próxima entrevista.
Ao final do dia já se pode identificar padrões, deve-se reunir todo o material anotado ao longo de cada entrevista e observar em silêncio para identificar padrões. Agrupe e rotule as notas como positiva, negativa ou neutra. Deve se revisar o objetivo de longo prazo e as perguntas do sprint, comparar com os padrões identificados junto aos clientes e decidir o que fazer depois do sprint. Anote!
Pontos-chave: Anote!; 5 é o numero mágico; Assistam juntos, aprendam juntos; Todo mundo sempre sai ganhando.
Dicas para o entrevistador: Seja um bom anfitrião, Faça perguntas cujas as respostas não sejam sim ou não, Faça perguntas incompletas, Mantenha uma mentalidade curiosa.
Decolagem
Neste ponto o livro apresenta um breve resumo do aprendizado de “como trabalhar mais rápido e mais inteligente” que se propõe a ilustrar:
- Em vez de pular direto para soluções, mapeie com calma o problema e defina um alvo inicial com a equipe. Comece devagar para ir rápido.
- Em vez de gritar ideias na multidão, trabalhe de forma independente para criar esboços detalhados de possíveis soluções. O brainstorming é problemático e há um caminho melhor.
- Em vez de debates abstratos e reuniões intermináveis, use a votação e eleja um Definidor para tomar decisões rápidas que reflitam as propriedades da equipe. É a sabedoria do grupo sem os perigos do groupthink.
- Em vez de definir todos os detalhes antes de testar sua solução, crie uma fachada. Adote a “mentalidade de protótipo” para poder aprender mais rápido.
- E, em vez de supor e esperar que esteja no caminho certo (enquanto investe montanhas de dinheiro e meses em suas ideias), teste o protótipo com clientes de seu público-alvo e registre as opiniões sinceras deles.
O livro ainda segue com uma série de checklists para cada dia junto de um cronograma de tempo aproximado entre cada atividade. Esses e outros matérias de apoio podem ser encontradas em thesprintbook.com. Existe também uma boa comunidade apoiando o método aqui mesmo no medium e pode ser encontrada em sprintstories.com.
O livro é sem dúvida uma excelente fonte de conhecimento. Caso não seja possível aplicar o método na íntegra, ao menos algumas das técnicas são possíveis de usar e bem prováveis de serem aplicadas. Métodos como o “Como poderíamos…”, “Decisão que cola” e “Anote-e-vote” são bem fáceis de aplicar em outros contextos que envolvem decisões complexas e importantes.
Sem dúvida, as histórias de outras startups e gigantes do vale do silício dão um “sabor” essencial ao livro. Empresas como Savioke, Blue Bottle Coffee, Fitstar, Slack e Airbnb entre outras são citadas em vários momentos chave durante todo o livro, compartilhando um pouco de como foi o processo e ilustrando o principal: Sprint é feito para pessoas que querem construir em conjunto algo importante para pessoas de verdade.
Uma reflexão importante que o livro nos provoca, na palavra dos autores:
Cada um de nós dispõe de um tempo limitado no dia, no ano e em nossa vida. Quando for trabalhar de manhã, você precisa saber que seu tempo e seu esforço significarão alguma coisa. Deve ter certeza de que está fazendo a diferença na vida de pessoas reais. Com as técnicas apresentadas no livro, você pode se concentrar no trabalho que realmente importa.
Se gostou do post ou ele foi útil de alguma forma eu adoraria saber. Considere também deixar as palminhas aí, que eu sou muito grato :). Considere também compartilhar com a “rapeize”, me seguir no github e/ou nas redes sociais. Meu muito obrigado pra quem leu até aqui.
